Leituras Primeiro Semestre de 2018

O primeiro semestre de 2018 foi um dos que eu menos li nesses últimos anos. Por um lado eu fico bem triste porque assim minha meta de leitura fica bem distante de ser alcançada, mas por outro eu penso no tanto de conhecimento que adquiri na faculdade e como deve (espero) ser normal passar por esse processo enquanto aprendo a administrar faculdade, trabalho e um rotina de leitura.

A primeira leitura concluída do ano foi Memórias do Subsolo do Dostoievski, meu segundo contato efetivo com o autor. Essa foi uma leitura que eu trouxe do ano passado porque apesar de ser um livro curto (e com um começo arrebatador) no meio da leitura eu demorei um pouco para avançar. Mas eu lembro de ter registrado o final dessa leitura como algo especial. As últimas páginas desse livro tem trechos que me fizeram pensar “bem, é por isso que eu gosto tanto de ler” e encontrar trechos que renovam essa paixão é sempre gratificante.

Depois foi o momento em que li Harry Potter e A Pedra Filosofal  e já falei um pouco dessa releitura e nostalgia neste post aqui.

Terminei o também iniciado em 2017 aka primeiro calhamaço do ano chamado Anna Kariênina e não sai ilesa. A narrativa criada por Tolstoi foi uma leitura proposta pelo clube de leitura do podcast da radio companhia e a forma que o autor narra sutileza foi algo que me chamou muito atenção. De certa forma associei o livro ao meu contato com Jane Austen porque ambos relatam muito bem os detalhes do flerte e como os sentimentos brotam, desenvolvem e assim tomam conta dos personagens.

“- Penso – respondeu Anna, brincando com a luva que despira -, penso… se há tantas cabeças quantos são as maneiras de pensar, há de haver tantos tipos de amos quantos são os corações.”

Li o livro Retorno 201 de Guillermo Arriaga. Os contos passam todos na vila que dá titulo ao livro, ou ao redor. Cheguei até ele por causa do conto Uma Noite Azul que li em uma aula que tive em um curso livre em 2013. Demorei anos para descobrir qual era esse livro então nesse ínterim foi criada uma expectativa muito alta para essa releitura que não deu muito certo. Alguns dos contos até que são bons, mas não funcionam de forma coesa e em alguns momentos a violência ou elementos desagradáveis não funcionam muito bem.

Neste ano tive o meu primeiro contato com Zambra e li Bonsai. Foi uma leitura que fiz em um dia, mas que vai ficar na minha memória durante uns bons anos. Relembrarei de forma agridoce como a escrita é algo que deve ser feito com cuidado e como o amor é algo que deixa marcas irreparáveis em nós. Li esse livro faz uns 3 meses, mas a imagem do casal lendo livros juntos é algo que está recorrente na minha memória. Pretendo ler os outros livros do autor ainda esse ano.

Um dos projetos pessoais que comecei esse ano foi ler alguns títulos vencedores ou finalistas do Man Booker Prize e o primeiro lido foi Autumn da Ali Smith. O primeiro romance da quadrologia sazonal foi uma leitura meio onírica pra mim. Digo isso porque em certos pontos do livro se passa em um ponto entre a falta de consciência e a morte. O drama da personagem flui lentamente e através de memórias entendemos porque ela está ali. Eu sinto que eu não sai dessa leitura completa, talvez seja porque não teve muitas conclusões, mas estou curiosa para ler o próximo volume.

Depois eu conclui a leitura de Conversas entre Amigos da  Sally Rooney. Eu achei que iria devorar esse livro em uma sentada, mas na real eu demorei um pouco para ser conquistada pela Frances. Foi um processo de negação e estranhamento até isso viram um carinho e paixão mesmo. O legal desse livro é como ele está próximo da nossa realidade, não só na questão tecnológica, mas na confusão de sentimentos que é se descobrir e redescobrir todos os dias e ter que conviver, criar conteúdo e ter interações sociais mesmo não sabendo bem o que somos nós. Ele também foi uma leitura proposta pelo clube de leitura do podcast da cia.

Minha ultima leitura concluída no primeiro semestre de 2018 foi o (preferido do ano até agora) Só Garotos da Patti Smith. Quando eu conclui essa leitura eu pensei que ainda bem que eu não registro mais as minhas impressões de leituras na internet porque se não ia ser aquela bla bla blá de “Então, eu senti tantas emoções com a leitura desse livro que eu não vou conseguir falar dele direito”. Pois bem, foi uma porção de emoções intensas com a história da Patti e do Robert. Uma verdadeira história de amor.

Harry Potter e a melancolia e nostalgia em a Pedra Filosofal

Harry Potter é infância. Felizmente fui o tipo criança que cresceu com Harry Potter, Rony e Hermione.

Nessas páginas conhecemos o mundo da magia pela primeira vez. Tudo tem gosto de novidade.

Decidi começar essa releitura depois que revi O Cálice de Fogo em um dia das minhas férias. Foi também em uma das férias que li todos os livros pela primeira vez. Parece uma realidade muito distante essa em que eu conseguia desligar de tudo para ficar horas lendo. Foi até engraçado pegar esse livro e perceber que nele tem um 6 circulado porque nessa época eu tinha poucos livros e numerava a ordem que eu os ganhava.

Esse é o sexto. Não lembro quais foram os cinco primeiros, mas é fundamental para a minha vida a importância de Harry Potter.

Sendo assim, além de nostalgia esse livro tem um gosto de melancolia. Harry Potter é uma criança sozinha, sem amigos, sem perspectiva e sem família então é muito tocante quando uma notícia chega do nada para mudar a vida dele. Quando foi a última vez que isso aconteceu com você?

Eu sinto que quando eu era mais nova isso era bem comum até: uma nova amizade, mudança de escola, descoberta de autores e músicas. Hoje a novidade parece meio distante porque estou em uma etapa da minha vida que tudo parece rotina. Sentir isso com o Harry me deu realmente saudades de ter algo incrivelmente novo na minha vida.

Essa leitura no começo do ano diz muito sobre o que eu espero de 2018: novidades que sejam quase tão gostosas como centenas de corujas entrando na sua casa com um cartinha de Hogwarts.

Depois da novidade, vem a confiança. Harry é uma criança ingênua, talvez as primeiras leituras que eu fiz do livro eu também era ingênua demais para perceber isso, mas a verdade é que Harry Potter é uma criança que confia e arrisca porque até certo ponto ele não tem muito a perder. Acho interessante em como a J.K consegue entrar na cabeça do Harry e acompanhar pequenas “paranoias”, algo que temos demais quando criança de transformar um problema simples em um fim do mundo. Em certo trecho ele acha que vai ser expulso de Hogwarts (a primeira de muitas) e a esperança dele é que ele consiga um trabalho com o Hagrid para, pelo menos assim, ficar próximo (risos).

É quase triste Harry Potter ter quase 20 anos e ainda não termos uma edição comentada e cheia de notas de rodapé evidenciando os pontos do primeiro livro que são importantes para todos os outros sete. Pensando nisso e na minha releitura eu destaque alguns pontos como quando Hagrid diz que “somente um louco tentaria assaltar Gringotes”; Dédalo Diggle aparece nesse volume; o isqueiro de prata que o Dumbledore usa quando chega a rua dos Alfeneiros e que será fundamental para a narrativa do Rony em Relíquias da Morte.

É nesse livro que temos um dos capítulos que considero mais triste: O espelho de Ojesed, isso porque a perspectiva do “e se” é algo que dói demais. E se Harry Potter tivesse sido um garoto normal com família? É muito desolador perceber que o que o Harry mais quer na vida é algo tão simples e trivial para a maioria de nós. O mundo da magia não é algo colorido e animador, parece que temos em proporção igual algo terrível, assustador e escuro. A maioria da história se passa em um castelo cheio de cantos assustadores com masmorra e fantasmas. Claro que nesse primeiro livro o foco não está isso porque é praticamente um livro infantil, mas sabendo bem o caminho da estória esses pequenos detalhes ficam evidentes e doloridos.

Meus planos era reler Harry Potter em inglês, mas de certa forma a minha memória afetiva me impede disso (até revejo os filmes em português) porque os meus personagens tem essas vozes, essas características e isso faz parte da leitura.

Existe um podcast chamado Harry Potter and the Sacred Text que trata o livro como um texto “sagrado” como a bíblia então cada capítulo do podcast é como um “estudo bíblico” em que eles comentam cada capítulo com alguma perspectiva. É interessante como Harry Potter virou um lugar de conforto para muito de uma geração e ver dessa forma é exatamente isso: tirar conforto dos trechos mais inesperados e saber que por mais que o mundo esteja caótico sempre teremos Hogwarts.

 

Trechos preferidos:

“Mas daquele momento em diante, Hermione Granger tornou-se amiga dos dois. Há coisas que não se pode fazer juntos sem acabar gostando um do outro, e derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros de altura é uma coisa dessas”


” – O que o senhor vê quando se olha no espelho?

– Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã.

Harry arregalou os olhos.

– As meias nunca são suficientes. Mais um Natal chegou e passou e não ganhei nem um par. As pessoas insistem em me dar livros”


“A boca de Hermione estremeceu e ela correu de repente para Harry e o abraçou.

– Hermione!

– Harry, você é um grande bruxo, sabe?

–  Não sou tão  bom quanto você – disse Harry, muito sem graça, quando ela o largou.

–  Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes, amizade e bravura e, ah, Harry, tenha cuidado!”

Pensamentos sobre David Foster Wallace e O Fim da Turnê

A primeira vez que li o nome de David Foster Wallace foi no conto do Chuck Palahniuk chamado Live Like You’re Dying publicado pela Men’s Health em que ele fala sobre suicídio, aniversário e autoestima.

Alguns anos depois a Companhia das Letras traduziu Infinite Jest para o Brasil com o título Graça Infinita e de repente em todas as livrarias víamos aquela caveira laranja, aquele livro bonitão, mas quase assustador pela quantidade de páginas. Os canais e pessoas dos livros que eu acompanho começaram a falar muito dele sendo que alguns leram e gostaram, muitos desistiram e outros exaltaram a genialidade do autor.

Não sou uma pessoa de calhamaços, mas ver o estado que as edições ficaram, o peso do livro e essas opiniões controvérsias me afastaram da ideia de ler Graça Infinita, mas por outro lado um autor que se matou em 2008 me atraiu de alguma forma e resolvi experimentar as palavras dele.

A narrativa do David é um caos, mas um caos compreensível. É uma conversa longa com uma pessoa muito animada para compartilhar algo que ela está empolgada ou questionando, tanto que na sua narrativa abrem-se parenteses, que no caso são chamados de notas de rodapé, porque aquele assunto lembrou outro que parece tão importante para compartilhar quanto a narrativa inicial em si.

Parece confuso, não é? Mais do que isso, parece viciante.

Eu tenho um medo de viciar em alguma escrita, emergir nela de tal forma que irá gerá um estranhamento para os livros que virão a seguir, por esse motivo evito emendar livros de autores assim. Sei que é uma mania que me impede de entregar-me completamente.

Assisti o filme O Fim da Turnê  no qual Jason Segel atua como DFW e Jesse Eisenberg atua como David Lipsky que foi o jornalista responsável por fazer o perfil do autor para a Rolling Stones em 1998  reavivou essa curiosidade pelo autor em mim.

No filme acompanhamos 4 dias do jornalista com o autor e já sabemos do seu suicídio, o que torna o filme mais triste porque ele é baseado nas gravações feitas menos de 10 anos e lá encontramos um sujeito estranho, solitário que depois da publicação do seu livro de mil páginas deixou de ser um simples professor para se tornar um grande autor de sucesso.

O perfil não chegou a ser publicado na época, mas dos acontecimentos o jornalist (e também escritor) publicou o conteúdo das gravações no livro Although of Course You End Up Becoming Yourself.

Jamais saberemos os motivos que levaram o autor se matar e falar sobre suicídio não é o foco do filme que aparece como a dramatização de um relato, sem muitos plot twists ele compartilha um pouco do que foi David Foster Wallace.

Por coincidência esse texto e essa minha vibe foi bem próximo dos 9 anos do suicídio do autor (12/09/2008) e Maria Popova do Brain Pickings compartilhou um texto muito bom sobre o autor e um livro que ele fala um pouco sobre escrita chamdo Quack This Way. 

 

5 álbuns que combinam com uma verdadeira segunda

Hoje é uma clássica segunda em que eu sinto que deixei um pouco da minha vitalidade guardada em uma caixinha perdida que não acho, mas mesmo sem ela é preciso seguir o dia, viver e cumprir as responsabilidades. Não há muita alegria, mas também não é algo que chega a tristeza extrema. É um meio termo que tem características parecidas com a rotina, um pouco de desanimo e claro: uma boa vontade de dormir.

Pensando nesse sentimento que estou sentindo no momento, durante o dia, minha mente procurou algumas músicas para deixar o dia mais animado e para me animar mais ainda fiz uma lista (totalmente pessoal, obvio) de álbuns que me deram abracinhos musicais para sobreviver o dia de hoje:

Alvvays (2014) – músicas animadas que pra mim parecem a trilha sonora perfeita para o meu ensino médio. Desculpa a nostalgia, afinal, eu passo na frente da minha antiga escola todos os dias e bate uma saudade, mesmo que na época eu tenha achado um saco, ainda mais nas segundas que era aula dupla de matemática.

Músicas preferidas e escutadas várias vezes no dia de hoje: Adult Diversion, Archie, Marry Me e Party Police.

Crack-Up (2017) – o último álbum da banda Fleet Foxes me acompanha como trilha sonora para ler livros desde do mês do seu lançamento, mas também é o álbum que eu coloco quando chego em casa, deito na cama e descano o corpo. Eu não quero dormir, só quero deixar as energias do dia para trás para a partir desse momento aproveitar as horas restantes dos dias.

Músicas preferidas: as três primeiras do álbum PRECISAM ser escutadas em sequência, isso já faz o álbum ser incrível.

Transatlanticism (2003) – para começar a capa desse álbum é linda demais! De todas as capas maravilhosas dos álbuns do Death Cab For Cutie essa é a minha preferida e que já foi fundo de tela do celular. São muitos anos de amor por essa banda e por esse álbum já que ele contém a música The New Year, também conhecida como o hino pessimista para começar o ano BEM. É o tipo de álbum que faz eu me sentir ~em casa~ e com a sensação de que vai acabar tudo bem (em algum momento)

Músicas preferidas (para segunda): We Looked Like Giants, A Lack of Color.

My Wild West (2016) – segunda tem sido o dia para conversar e pensar em todos os sentimentos que a terceira temporada de Twin Peaks estão causam em mim. Todos os episódios, praticamente, tiveram uma participação musical especial e entre todas a que mais me marcou e que entrou para a minha lista de preferidos foi a música Wild West da Lissie. O álbum todo é muito gostoso de ouvir e essa música me lembra também Cidade dos Sonhos do Lynch.

Música preferida: Wild West que ficou mais bonita ainda na apresentação do Roadhouse

The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (1972) – Se esse álbum do Bowie não fizer a sua segunda ficar um pouco melhor acho que não há nada mais a fazer além de tomar um banho quente e cair nos braços de Morfeus. Eu lembro que esse foi o primeiro álbum do Bowie que eu peguei para ouvir for real e depois pensei que não precisava ouvir mais nada porque é um álbum que me satisfaz em todas as maneiras possíveis. Então ouvir ele do começo ao fim é um baita abraço, afinal, segunda é só o comecinho da semana e ainda tem muito pela frente. Bowie nos ajude.

Músicas preferidas: Lady Stardust, It Ain’t Easy

A História Secreta de Donna Tartt

esse texto contém algumas informações e impressões sobre o livro A História Secreta jogados meio aleatórios. 

imagem original via @newoldstokk

A História Secreta foi m livro que despertou a seguinte vontade em mim: ser inteligente em níveis surreais (nível Donna Tartt).

Digo isso, não porque o enredo acontece em uma faculdade na qual alunos estudam grego, mas por causa da forma que Donna Tartt cria essa história cheia de referências a filosofia, música, teatro e um a milhão de livros. Não é essencial conhece-las, mas dá um gostinho a mais durante a leitura.

Além disso é muito surpreendente descobrir que ela começou a escrever esse livro com 19 anos. Este é o livro de estréia da autora vencedora do prêmio Pulitzer em 2014 pelo seu livro O Pintassilgo e desde das primeiras páginas ela mostra que não será uma escritora comum pois o livro tratará de um assassinato, mas sem muito mistério pois ela já conta quem morreu e quem matou.

Parece até clichê, mas não é sobre o acontecimento, mas sobre o caminho ate ele. Afinal, o que temos aqui são jovens ricos matando pessoas e isso não é comum. Esse grupo de amigos não foi criado ao acaso, pois todos fazem parte de uma turma exclusiva que estuda grego dentro da universidade e algumas outras matérias com o mesmo professor (sendo que este só dá aula para esse seis alunos).

O texto é narrado em primeira pessoa por Richard depois que ele larga a faculdade de medicina e decide estudar “letras” e seu modo de narrativa lembra o Nick do O Grande Gatsby porque ele é meio que o “pobre” no meio de gente rica relatando o que aconteceu. O interessante é que em certo momento ele está lendo este livro, mas diz que há trágicas semelhanças entre ele e Gatsby (pg.77 dessa edição).

A forma que Donna Tartt escreve é muito característica, até um pouco ácida porque esse narrador em primeira pessoa não é confiável, mas preza muito pelos detalhes durante todo o livro medindo bem o que ele vai dizer de certo personagem, mesmo que em páginas depois alguma ação contradiga o que ele queria nos convencer.

Nas últimas 50 páginas, depois de passar o livro todo querendo mais descrições do professor maluco que estimulou tudo isso que aconteceu Donna Tartt solta a seguinte descrição: “Julian é uma daquelas pessoas que pegam seus bom-bons favoritos numa caixa e deixam o resto“.

Em várias partes do livro é discutido a Beleza. Algo tão importante para os gregos, para a arte, mas o contrário de beleza não é algo simplesmente feio, mas algo que chega a ser aterrorizante. Então vemos como a beleza e o terror andam próximos, como muitas vezes o sofrimento é o caminho para construir algo belo, conforme o que é apresentado.

O livro começa com o narrador perguntando se existe, fora da literatura, “falha fatal”.  Algum dos nossos atos podem ser tão grandes ao ponto de dividir os acontecimentos da nossa vida? Richard faz essa pergunta consciente do que ele passou, em todo tempo, até os acontecimentos finais já relatado, ele mostra que tudo aquilo ainda tá uma bagunça na cabeça dele e até parece que nos contando, escrevendo, colocando em uma narrativa não é só uma forma de desabafo, mas uma organização, uma analise fria dos fatos.

Outros personagens também tratam questões sérias com muita frieza. Não são alunos que procuram “viver a vida”, isso também, mas de uma forma rude, sem empatia mesmo. Tanto que, em muitos momentos o carácter deles se misturam e lendo eu até pensei “pera ai, quem disse isso?” porque eles são fúteis, algo da natureza deles, não são pessoas fáceis e simpáticas, e não tem ambição para serem bons ou queridos. O que eles querem é retornar ao mundo grego, expandir o seus seres e chegar ao máximo perto dos deuses.

Algo que, em algum ponto da história, quase conseguem pois a primeira vista Richard os vê como seres maravilhoso, quase perfeitos e esse amor platônico é desconstruído porque as atitudes que eles tomam são horrorosas. Nessa narrativa não tem um momento de redenção, pelo menos não de todos os personagens, pois eles vão seguir as suas vidas com um peso tão grande e que não podem dividir apenas um com os outros.

Donna Tartt é uma autora que tem 3 livros publicados: A História Secreta, O Amigo de Infância e O Pintassilgo e todos eles publicados no Brasil pela Companhia das Letras.

Durante e depois da leitura pesquisei um pouco sobre como o seu primeiro livro foi recebido, ví alguns vídeos e aqui estão alguns links interessantes:

. Primeiro perfil da autora feito em 1999 para a Vanity Fair. Na época ela só tinha publicado A História Secreta e fala um pouco sobre ele e o James Kaplan fala um pouco das similaridades do livro com a vida da autora. Destaque para o último parágrafo em que ela fala que pintassilgo é o pássaro preferido dela.

. Vídeo da Vevs 

. Glossário dos termos que aparecem em latim no livro para inglês 

. Book Drum de A História Secreta que é uma explicação da maioria das referências que aparecem no livro

. A Reader’s Guide for The Secret History

. Resenha no Washington Post feita na época do lançamento